segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

FAMÍLIA - Conclusão.


O workshop de Constelações Familiares

dedicado ao tema: FAMÍLIA; permitiu elevar a compreensão das relações pessoais entre os vários elementos da mesma família e da coabitação entre diferentes sistemas familiares por parte de um mesmo elo comum, entre todos.

Também é correcto afirmar que veio trazer alguma "perturbação" ao entendimento que se tem/tinha do sistema de relação entre pais, filhos e avós.


Quando um amor não é entregue na sua plenitude aos pais, transforma-se no, resgate do amor, para com um filho, futuro. Ao qual procuramos entregar o que gostaríamos de ter recebido, da "forma" como isso responderia, "às nossas" necessidades de "amor reconhecido".

Porém, o amor que um filho/a, nos dá, não requer resposta.

Requer uma boa recepção desse mesmo amor.


Ao fim e ao cabo não é o que reclamamos de e para com, os nossos Pais?


Assim, para que o Amor flua, é importante reconhecer nas nossas próprias dificuldades de "entender e receber" o amor dos nossos filhos, a mesma dificuldade dos nossos pais em receber o nosso amor.

Ao reconhecer isso, podemos começar por compreender porque insistimos para que os nossos filhos sejam felizes com: "aquilo" que «nós» temos.


Este é o momento de:
  • Começar a abrir portas e acolher, o que "eles" «filhos» têm para dar-nos.
  • Deixar de querer forçar "as portas", dos que (pais) não compreendem e não reconhecem a gratuitidade, do "nosso" amor.

Se tivermos de o fazer, entregar esse amor, teremos de "aprender" como entregá-lo.


As regras de aceitação não são as nossas, mas as das «possibilidades» que nos são dadas por aqueles a quem as queremos entregar.

Ao fim e ao cabo, não é o que todos nós, filhos, aprendemos a fazer logo, desde pequeninos? A ir de encontro às possibilidades que nos são dadas pelos nossos pais, de os amar?

Se compreendermos, que logo aí, as nossas possibilidades são nulas, podemos compreender que não tem de nos "doer" o facto de eles não reconhecerem o nosso amor. Porque no fundo, eles, também estão a «fazer» "o melhor que podem com aquilo que têm".


O problema, reside na nossa necessidade de reconhecimento e aprovação do nosso amor. Como se disso dependesse todo o nosso propósito, nesta vida.

Aí, logo aí, a nossa vida é posta em causa e surge, a sobrevivência!


Com a sobrevivência e a necessidade de sobreviver, a todo o custo, surge o Ego, com as suas mil máscaras, para nos protegermos, do Amor que tínhamos (que temos), para entregar. (Amor que fechámos dentro da "armadura" do Ego).

E para que o Amor «sobreviva», aceitamos carregar com a nossa dor e com a dor dos nossos pais. Procurando dar resposta àquilo que satisfaria e saciaria, aparentemente, o seu amor para com os seus pais, (avós) e daí por diante. O que resulta, nas tramas e emaranhamentos que existe em cada família, com cada um a procurar dar resposta e corresponder às expectativas de "amor", dos outros.



É por isso que todas as religiões e filosofias remetem sempre para a pureza das crianças.

O Amor, antes das expectativas.


Expectativas que criámos, para dar uma resposta (a primeira tentativa/experiência de: "control" por «amor»), à dor, dos nossos pais.

E é aí que «compramos» toda a história de "(des)amor" na nossa família.

À qual procuramos, ingloriamente, querer dar uma resposta, até ao fim dos nossos dias. Fazendo tudo e mais alguma coisa para saciar essa necessidade, o que nos faz, cada vez mais, andar tão desfasados e descentrados, de nós mesmos.


Por isso, "usamos" os nossos filhos, para podermos viver a nossa própria experiência, de amor. (Sem as interferências que comprámos). E com isso, deixamos de ouvir o Amor com que eles, nos brindam. Diariamente. A cada momento. Sem expectativas. Aguardando, sempre e sempre, poderem entregar o seu amor e com isso, tirar-nos da nossa própria dormência de: "amor não reconhecido" cheio de expectativas. (Não foi isso que procurámos fazer, para com os nossos pais, também?).

Ao fim e ao cabo, é a nossa grande possibilidade de voltar a ser criança e de voltar a viver, nesta vida, o AMOR em plenitude.


Quando o Amor, não tem de ser uma resposta, mas pura e simplesmente, sê-lo!




Aos participantes no WS, o meu agradecimento e bem-ajam por terem possibilitado vivermos este dia, numa altura e com um tema sempre muito sensível que contudo, abre a porta àoportunidade de começarmos a viver, o Amor, como no primeiro dia.



Para TODOS, um FELIZ Natal e FELIZ 2010.


Att.

Luís Viegas Moreira.



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

FAMÍLIA.


APESAR de. POR CAUSA de.



Quando se toca no assunto "família" parecem vir ao de cima, cargas, toneladas de "coisas" que emergem sabe-se lá de onde.

Vem o que vivemos. O que sentimos. O que ouvimos. O que guardamos na memória. O que é nosso. O que é dos outros. O que julgamos. O que guardámos em nós. O que pensamos. As penas e os amores. O que queríamos e o que tivemos. O que continuamos a querer e parece não encontrar "como". O que demos. O que não demos. O que não sabemos como dar. O que não sabemos como tomar. Porque de facto há "coisas" que não fazem mesmo qualquer sentido. De todo.


Mas se alguém disser mal da nossa família e que a ela não pertença... enche-mo-nos de brio e ai daquele/a que o diga. Pois estamos imediatamente prontos, para a defender. Mesmo com risco da nossa própria vida. "Isso é que era bom". "Era o que faltava". A coisa mais sagrada que temos, perante os outros, seja quem for, é a nossa própria família.

E porquê?...

Porque é através da nossa família que asseguramos a nossa própria existência.

Sem ela, não estaríamos aqui. Não existiríamos.

Quando pensamos nisso, é sempre em relação à nossa família de origem. Mesmo que no momento imediatamente a seguir nos venha uma lembrança que nos remete para uma dor (memória) que nos atormenta, proveniente dessa mesma, nossa, própria família.

A excepção a esta reacção, é quando encontramos um/a companheiro/a com quem damos início à nossa própria Família. A actual. Se for caso disso, para criar condições de estabilidade e sobrevivência, afasta-mo-nos da nossa família de origem para garantir "espaço" que faça às duas perdurarem no tempo e nos nossos corações. (Memórias).

É claro que nem sempre isto é necessário, porque até podemos encontrar "alguém" com quem se torna possível manter essa convivência de modo são. Equilibrado. Harmonioso ou sobre, "tensão ajustável".

Quando não, criamos uma ruptura "saudável" que mantenha a possibilidade de criar vida (filhos) de forma segura para com as duas famílias. A continuação da existências dessas duas famílias depende desse precário equilíbrio. (Exclusão).

O elemento fulcral é sempre aquele que estabelece a ligação entre essas duas famílias. O filho/a que se afastou para garantir a existência da família que aceitou criar com seu companheiro.

A esta "exclusão", é inerente um "amor" enorme!

Só um amor enorme permite a uma pessoa afastar-se, excluir-se para garantir que o seu amor (por) seja reconhecido noutro (por alguém) que justifica a exclusão e ao mesmo tempo, "o Retorno a Casa".

Não há nenhum filho / excluído que não anseie pelo retorno ao seio da sua família. Para quê? Para finalmente poder ver reconhecido o amor que lhes tem e que pura e simplesmente, não pode ser entregue.

É a entrega deste amor que nos faz girar à volta do mundo e mais além, vezes e vezes sem fim num enorme carrossel que uma vez feito, concluído, permite-nos sentir, "realizados".

Até lá, continuamos a deambular pela vida, esperando por essa, "oportunidade".


Por isso, apesar da família que temos e por causa do amor que lhe temos, continuamos a viver vidas que possibilitem o resgate da oportunidade da entrega reconhecida, desse amor.

E quando a impossibilidade nos transcende, "vale tudo".

A dor sobrepõe-se e "tudo" se justifica.


Mas há um "lugar" onde tudo faz sentindo.

E é na procura desse "lugar" que percorremos "vidas" de "enganos".

Quando, de facto, chegamos lá, sentimos uma paz e uma tranquilidade que nos inunda. Porque na compreensão de algo "maior" está a libertação desse vínculo de "entrega e reconhecimento".

Nesse lugar, encontramos precisamente aqueles por quem percorremos "eternidades".

A esse lugar, podemos chamá-lo simplesmente, Amor.




Att.


Luís Viegas Moreira